Segurança Empresarial

Teanes Silva

Gestão de Segurança Corporativa:
Cultura de Security

Muito se fala em cultura de Segurança Patrimonial (Security), no entanto, pouco se mostra como fazer para aculturar os empregados e, quando o fazem, tampouco, divulgam-se os resultados esperados e obtidos.

Também ouço muitas reclamações de gestores da área, ou não, de que uma empresa “X”, ou nas organizações “Y” e “Z”, não há cultura de Security; no entanto, observa-se que estas mesmas pessoas pouco fazem para mudar o status.
 
Dessa forma, recomendo adotar, utilizando a criatividade, um programa, que deve ser anual, planejado estrategicamente, estruturado e estendido a todos os empregados diretos, indiretos e visitantes.
 
No planejamento estratégico do programa, deve-se considerar a premissa maior de que “SEGURANÇA É RESPONSABILIDADE DE TODOS”; portanto, deve-se utilizar, como base de dados fundamental, a missão, visão, valores e o código de conduta e ética da empresa, alinhando com o objetivo de negócio da empresa.
 
A seguir listo alguns exemplos de medidas de conscientização para fazer parte do programa de implantação e implementação; e, para os casos em que a segurança for rotulada como repressiva, recomendo a adequação:
 
1. Impreterivelmente, a integração de Segurança Patrimonial deve ser o primeiro item, considerando que atende a todos que, de uma forma ou de outra, prestarão serviços na empresa. Neste item recomendo uma lista de presença para arquivo no prontuário do colaborador, sob responsabilidade do RH, e arquivo da Segurança Patrimonial. É de bom tom entregar a cada participante uma espécie de livreto contendo as regras e normas. De modo geral a integração trata de evidenciar o que pode e o que não pode, com base no manual de conduta, ética e regras gerais da Companhia.
 
2. Adotar a divulgação semanal de dicas de segurança em informativo próprio ou do RH é uma forma direta de dar o recado. Exemplo: Ao perceber estranhos no entorno da empresa ou pessoas em atitude suspeita, comunique imediatamente a Vigilância Patrimonial.
 
3. Outras maneiras de conscientizar os colaboradores da empresa são dicas de Security nos displays das mesas do restaurante ou refeitório, podendo ser um tema diário ou semanal, revezado com os temas do informativo. Exemplo: ao constatar a perda do seu crachá, informe imediatamente a Vigilância Patrimonial. As dicas também podem tratar dos seguintes temas: achados e perdidos, furto, utilização de uniforme, cuidados com os pertences, segurança no trajeto, segurança no lar e as tecnologias disponíveis, segurança da informação, conversas no restaurante, entre outras.
 
4. A SISP – Semana Interna de Segurança Patrimonial, é uma boa forma de contribuir com a cultura de Security dos trabalhadores. Como exemplo, podemos escolher uma fábrica que tenha três turnos e definirmos que serão 05 temas, revezando em dois horários por turno. Os temas devem ser relacionados com as necessidades da organização, de tal forma que atendam as mais imediatas e reforcem os valores da empresa. Preferencialmente, os palestrantes devem ser externos, por conta da imparcialidade. Podem-se distribuir brindes aos participantes, como forma de agradecimento pela presença. É importante também homenagear o palestrante com, no mínimo, um certificado de presença. A SISP pode ser anual, igualmente à SIPAT e semana da saúde, entre outras. Também deve-se disponibilizar a lista de presença.
 
5. Implantar o DSP – Diálogo de Segurança Patrimonial, é também uma forma de esmiuçar um tema ou procedimento que, por vezes, é pouco divulgado ou pouco compreendido pelos colaboradores, gerando um desgaste para todos. O DSP pode ser quinzenal ou mensal, dependendo do apetite por endomarketing ou estrutura do time de gestão de Security. Um exemplo de DSP é informar aos colaboradores a diferença entre roubo e furto e como identificar um caso ou outro na empresa. A divulgação ou treinamento podem ser feitos diretamente por Security ou pelos gestores da fábrica (ou similares), com lista de presença.
6. Recomendo implementar todas sugestões de forma gradativa, utilizando como norteador o calendário de feriados. Exemplo: No carnaval pode-se utilizar a seguinte dica: Mantenha a bolsa na frente de seu corpo e carteira e celular no bolso da frente, quando for aos bailes e desfiles.
 
Diante desses exemplos acima, um indicador que pode ser utilizado como balizador do sucesso das sugestões, para fortalecimento da cultura de Security, é o IOSP – Indicador de Ocorrência de Segurança Patrimonial. Com a utilização deste indicador, você pode demonstrar os resultados e evolução das ocorrências como, por exemplo, comunicação de delitos (arrombamento de armários, desaparecimento de ferramentas e outros) ou a devolução de objetos achados, e muitos mais. Assim, na prática, é possível perceber se houve melhora na postura das pessoas em relação ao tema Security, como engajamento, comprometimento e sensibilidade, que seriam observados e evidenciados pelas denúncias ou pesquisas de clima ou satisfação, realizadas com os colaboradores. Conforme o contexto e resultados, pode-se alterar ou apenas realinhar o programa, especialmente nos casos negativos, sendo crucial tomar uma medida rápida de correção e conscientização das pessoas.
 
De modo geral, existem outras formas de criar VALOR DE SECURITY, conforme apresento abaixo:
 
a) Na abertura de reuniões, iniciar sempre com uma dica de Security, preferencialmente relacionada ao tema da reunião.
 
b) Podem-se utilizar banners em locais estratégicos com as mensagens prioritárias.
 
c) Nos quadros de avisos, afixar informativos para assuntos de Security relacionados com a área.
 
d) Utilizar diretrizes para visitantes, entregadores, entre outros, nas portarias e recepções.
 
e) Outra forma de divulgação são mensagens no desktop.
 
f) Cartão de estacionamento.
 
g) Check list dos motoristas.
 
Todas as sugestões relacionadas neste artigo podem ser locais ou corporativas, considerando o tamanho físico da empresa, número de funcionários, localização, ocorrências e estratégias adotadas. Pode ser aplicadas em operadores logísticos, indústrias de diversos segmentos, condomínios residenciais ou empresariais, shoppings, lojas de departamento, entre outras formas de negócios.
 
Como já observei, Segurança (empresarial ou não) é responsabilidade de todos; portanto, o exemplo deve ser dado por todos indistintamente: do presidente ao operário.
 
Vale ressaltar que este artigo não tem a pretensão de esgotar o tema e nem ensinar aos especialistas em comunicação empresarial como fazer endomarketing, mas sim, apenas apresentar algumas formas simples, indo direto ao assunto, oferecendo o ponto de vista de quem vive e faz a segurança.
Por fim, é importante considerar na elaboração do programa, as diretivas constantes nas normas da família ISO 26000, ISO 27000, ISO 31000, ISO 28000, entre outras.
 

Publicação: 07/07/2013
Sobre o autor:

Teanes Carlos Santos Silva

Administrador de Segurança Privada pelo CRA, articulista no Jornal SegNews e do site TransportaBrasil, publicando mensalmente artigos pertinentes e relevantes para a gestão de riscos de segurança, bem como, voluntariamente, atua como Diretor no Conselho Fiscal na ABSEG – Associação Brasileira dos Profissionais de Segurança.

Atualmente é Gerente de Segurança e Riscos na DELTA TS Gestão de Riscos, responsável pela Prevenção dos Riscos nos Processos e Projetos de Segurança em Indústrias, Gerenciamento dos Riscos em Eventos e Operações Logísticas, Treinamentos, Auditorias baseadas em processos e Investigações de Fraudes.
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